sábado, 24 de agosto de 2013

ORAÇÃO DE PEDRO




Olá!

O segundo post do Na Sala, é um poema do Caio Fábio D'Araujo Filho, que está no livro  A Cura das feridas Interiores. 
O poema é lindo. 
Gosto muito de Pedro que, com sua impetuosidade, erra, acerta, se enfrenta e segue em frente. 
Gosto de ver-me em Pedro.
Quando ele disse que morreria por Jesus, não estava mentindo ou fingindo. Dizia o que pensava ser verdade a seu próprio respeito. Descobriu que era bem mesmo corajoso, na época, do que acreditava. 
Isto ocorre com muitos de nós, melhor... com todos nós, em alguma situação durante a vida.
Pensamos ser melhores, mais capazes do que realmente somos.  

Ninguém é o rei/rainha da cocada preta/branca. 

Isto é confortador.

Pedro descobriu o que Jesus sabia de antemão, ele falharia. 
Não estava pronto. 
Ainda! 
Nem era a hora.
Pedro foi perdoado, foi transformado.
O sangue que purifica de todo pecado, fez com que não houvesse mais culpa, condenação ou domínio pelo pecado.
Isto é real para todos nós.
Precisamos entrar e permanecer no processo, para cada dia mais sermos parecidos com Cristo. Verdadeiros cristãos.

Abraço
                          Lúcia Barros





ORAÇÃO DE PEDRO

Perdoa-me Senhor!
Meu pecado foi crer que eu era maior do que sou.
- "Seguir-te-ei mesmo que seja para a morte" 
imaginava insolente e ingênuo.
Pensei que era Homem Rocha.
Pedro! Petros! Pedra!
Não! Pedro pó - é tudo que sou. 
A noite escura veio e o meu corpo sumiu de teus olhos quando desapareceu nas trevas.
Viste como corri? Meu vulto se apagou na escuridão.
Mas há horas quando a covardia e a curiosidade conspiram.
Foi por isto que te segui de longe.
Amor e medo se misturavam em meu peito  quando no pátio frio e rochoso tentava saber como passavas.
Malograda sociedade emocional: Amor e medo.
O amor só se confunde com a fé e a esperança, junto ao medo ele se encolhe.
O temor venceu. Disse: "Não conheço esse homem"!
Não foi susto. Foi a escolha de quem prefere sobreviver a morrer por uma causa justa. 
Tive três chances de dizer diferente, mas repeti que não te conhecia.
O canto do galo marcou o compasso das minhas negações.
Aí veio o pior, o teu olhar.
Quando se é visto com meiguice por aquele a quem se negou, a misericórdia se torna - sem querer -  no algoz manso da existência em contradição.
Essa realidade dói mais que mil chicotadas,
Pois atinge onde o nervo da alma está exposto: a consciência.
Chorei amargamente!
Meu coração se descoseu.
Minha nudez apareceu.
Ah! Eu estava fadado a ser maníaco daí em diante:
Canto do galo,
Chamas e braseiros,
Criadas furtivas,
Noites escuras,
Seriam meus obsessores o resto de minha desgraçada vida.
As próximas trinta horas foram o inferno para a alma.
Amanheceu o  domingo. Chegou a estranha notícia.
Corri para ver. Parecia verdade. Os lençóis o indicavam.
Em seguida vem o recado: " Dizei aos seus discípulos e a Pedro que se dirijam para a Galiléia, lá o verão".
Ver-te! Quanta expectativa: repressão ou indulgência passiva.
Em um e outro caso a alma sofre.
Mas fui. Não tinha o direito de ser tão covarde.
A monotonia e o nervosismo me consumiam.
Pescar seria des-trair,?
Alguém aparece na praia. Pergunta algo que soou amistoso, mas me traz à lume o insucesso da noite de pesca. Então veio a sugestão; " Do lado direito do barco tem peixe".
A rede não suportou o que apanhamos.
Era de novo uma pesca maravilhosa.
Lembrou um antigo encontro...
João disse: Isso é coisa do Senhor. lembra, Pedro?
Então lancei-me à sorte maior de um homem.
Saltei na direção de Deus.
Molhei-me e nadei no Teu rumo.
Os outros chegaram...
comemos peixe no silêncio do sobrenatural enquanto a felicidade se acampava  no mar da Galileia.
Até que - misturando-se como som das ondas - a Tua voz me perguntou: Tu me amas?
entre uma onda e outra ouviu-se três vezes a minha voz em resposta as tuas indagações.
 Ah! Mas da última vez eu respondi com um misto de fé e tristeza:
"Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo".
Teu perdão tem em si o poder de fazer agir;
Segue-me, foi o que disseste.
Senhor, já não temo a noite e nem os homens.
Também não temo a mim mesmo.
Minha vitória é a tua graça.

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