quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Sempre Teremos Problemas




"Temo qualquer tipo de movimento religioso entre os cristãos que não leve ao arrependimento, resultando numa aguda separação do crente e o mundo. Suspeito de todo e qualquer esforço de avivamento organizado, que seja forçado a reduzir os duros termos do Reino. Não importa quão atraente pareça o movimento, se não se baseia na retidão e não é cuidado com humildade, não é de Deus. Se explora a carne, é uma fraude religiosa e não deve receber apoio de nenhum cristão temente a Deus. Só é de Deus aquele que honra o Espírito e prospera às expensas do ego humano. "Como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor"





Olá!

Gosto muito e uso o texto de Aiden Wilson Tozer (1897-1963) para falar a respeito das imperfeições, dos problemas, das dificuldades existentes no Corpo de Cristo, e que, muitos, pensam não deveriam existir. A grande questão é, como não ter problemas num mundo caído, onde a individualidade e o precioso presente de Deus, Livre Arbítrio, nos leva a pensamentos e atitudes diferentes? Problemas sempre existirão, e como deixa claro A. W. Tozer, o atrito é sinal de vida, o que é bom.


Abraço,
                                           Lúcia Barros



Sem problema de relacionamento.

Sempre Teremos Problemas


       Quando duas superfícies que se movem em diferentes direções se tocam, há um atrito, e onde há atrito, há calor. Na operação de todo o nosso maquinário moderno, essa fricção é um problema bastante sério. A resistência que uma peça em movimento oferece a outra peça pode fazer com o que o movimento diminua a velocidade até parar a máquina. Ou então o calor gerado pelo atrito pode queimar tudo. Para impedir que isso ocorra, todo o contacto entre superfície é feito com o maior polimento possível, e lubrificantes são passados entre as peças para minimizar a fricção. Sem o óleo lubrificante, as indústrias de uma nação moderna se desgastariam até parar por completo, em poucos minutos.
       Toda máquina é uma sociedade de peças metálicas, por assim dizer, tendo cada peça um trabalho a executar para que seja alcançado o propósito para o qual a máquina foi projetada. Peças que são opostas entre si podem até dar a impressão de estarem trabalhando uma contra a outra, mas na verdade elas estão trabalhando juntas para um fim comum que não poderá ser atingido se uma das peças estiver trabalhando sozinha – um fim que somente pode ser alcançado mediante os esforços de todo o conjunto.
       As peças de uma máquina podem ser tomadas como uma alegoria das sociedades humanas. Um só homem é apenas um homem, mas, assim que outro se junta a ele, temos uma sociedade de homens. Pelo fato de que dois homens não podem manter-se parados nem em silêncio por um longo tempo, essa sociedade elementar logo desenvolve problemas sociais. Os interesses divergentes fazem com que eles se movam em direções opostas e, por estarem em contato, haverá atrito. Agora, em vez dessa simples sociedade, pense em uma complexa sociedade de homens, mulheres e crianças, e é fácil ver porque o mundo tem problemas. Se a humanidade permanecesse parada, ou se todos os membros fossem iguais e tivessem o mesmo interesse, não haveria problemas na sociedade humana. A energia é a atividade dos homens, entretanto, faz com que a fricção seja inevitável.
       Nós, cristãos, temos muito a aprender sobre isso. Por ser a igreja uma sociedade de seres humanos, os problemas que perturbam famílias e nações são encontrados nela também. Se os cristãos permanecessem separados, somente teriam problemas pessoais, mas por se associarem com outros cristãos, eles têm então problemas sociais também. É verdade que os membros de certa igreja são seres humanos redimidos, mas tal fato não os torna menos humanos em nada. Diferenças de gosto, de temperamento, de opinião, de energia moral e de velocidade de ação entre as pessoas em uma comunidade cristã criam certo atrito no grupo. Os líderes cristãos que são sábios certamente têm ciência disso antes dos problemas surgirem e saberão o que fazer quando isto ocorrer.
        O que escrevo é para o consolo do povo de Deus, especialmente dos ministros e dos obreiros cristãos. Se na vida prática em nossa comunidade cristã estivermos com noções erradas a esse respeito, somos candidatos a uma amarga desilusão, e talvez à feridas de alma que não se cicatrizarão.
       Quando eu era um jovem pregador com o meu diminuto pastorado, eu não tinha ainda experiência suficiente para saber o que esperar. Vim para a obra da igreja com a inocente crença de que as maravilhas do novo nascimento e a presença em nós do Espírito Santo impossibilitariam haver discordâncias e atritos entre nós. Consequentemente a primeira vez que os ânimos se acirraram, o meu espírito quase enfraqueceu por completo. Inconscientemente, eu pensava que tinha sido chamado para pastorear um rebanho de anjos em vez de um rebanho de ovelhas. Através de orações fervorosas e agonizantes, e de um profundo sofrimento, finalmente pude ver o que eu devia ter visto a princípio – os cristãos basicamente são seres humanos, e, quando se dispõe a viver juntos, eles terão problemas da mesma forma que outras coletividades. A igreja é uma sociedade de muitos membros. Os problemas que surgem em qualquer igreja estão em direta proporção com o zelo, com a atividade e com a energia de seus membros. Isso é inevitável e tem de ser admitido sem hesitação alguma.
       Alguns equivocados lideres cristãos acham que devem preservar a harmonia a qualquer custo, e assim fazem tudo o que podem para reduzir os atritos. Eles deveriam lembrar-se de que somente não há fricção em uma máquina desligada. Lembre-se ainda de que a única sociedade humana que não tem problemas é o cemitério. Os mortos não têm diferenças de opinião. Não geram nenhum calor, porque não tem energia nem movimento. São estéreis, nada realizam.
       A conclusão a que temos de chegar é de que os problemas são custo do progresso, que a fricção ocorre onde há movimento e que uma igreja viva e que está crescendo terá alguma dificuldade a superar, que é decorrente da sua vida e da sua atividade. Uma igreja cheia do Espírito despertará a ira do inimigo.
      Como vamos então enfrentar os nossos problemas? Primeiro, esteja preparado para enfrentá-los, de forma a não ser surpreendido por eles. segundo, perceba que todo corpo vivo de cirstãos tem problemas, desde o dia de Cristo com seus apóstolos até o dia de hoje, e assim você não é o único que os enfrenta. Terceiro, derrame copiosas porções de amor, o melhor lubrificante que há no mundo. O amor reduzirá a fricção a um mínimo e fará com que o corpo trabalhe em harmonia e com um mínimo de desgaste em suas peças. De onde provém esse amor? O amor provém de Deus, e é dado pelo Espírito Santo, em nosso coração. 

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